sexta-feira, 10 de abril de 2009

Violência gratuita




A universitária Karla Leal Reis, de 25 anos, foi assassinada na noite de domingo (29), num assalto no centro do Rio de Janeiro, a 50 metros da Prefeitura Municipal da cidade, próximo a estação do metrô do Estácio. Seria apenas mais uma morte, mais uma estatística na corriqueira rotina de violência no Rio de Janeiro, que se amplia a cada dia com pequenas grandes tragédias como esta. A história de Karla comove pela banalidade e o absurdo que envolve sua morte. Um crime bárbaro e gratuito cometido, possivelmente, por um morador de rua, que segundo a polícia seria usuário de crack. Um disparo que encerrou a vida promissora de uma menina cheia de projetos e uma filha exemplar. Filha única de um porteiro e de uma comerciária que trabalha numa loja de R$ 1,99 para pagar a faculdade da filha, Karla se formaria em administração de empresas neste ano e, segundo relato dos pais, sonhava ser diplomata. No dia anterior ao crime, ela comemorou o aniversário com a família. Um dos acusados do assassinato é Augusto César de Souza, de 27 anos, que estava em liberdade condicional e já havia sido preso outras vezes em presídios diferentes, e conta com vários delitos em sua ficha. Ele foi reconhecido pelos pais de Karla e preso na Praça da Cruz Vermelha, no centro, onde suspostamente vive como morador de rua. Outros dois suspeitos estão foragidos. Karla foi morta com um tiro na nuca, na frente dos pais. Segundo eles relataram, o disparo só aconteceu depois que ela já havia entregado a bolsa e os pertences aos bandidos. O tiro à queima roupa veio quando ela pediu que os ladrões devolvessem a Bíblia que carregava e o crachá funcional da Caixa Econômica Federal, onde fazia estágio. Evangélica, a família voltava de um culto na Penha, e seguia para a casa, no bairro do Rio Comprido. Não eram 20h quando o crime ocorreu. Levada ao hospital, Karla, a filha única que sonhava ser diplomata, não resistiu. O governador Sérgio Cabral disse que estava indignado com tamanha barbaridade. Pouco iluminada, a rua Dom Marcos Barbosa, na Cidade Nova, onde ocorreu o crime, é lugar tido como perigoso pela própria polícia. Embora haja registros de muitos furtos no local – apesar da proximidade da Prefeitura – nunca se teve um relato de um crime tão bárbaro. O Rio de Janeiro, de tantas passeatas e manifestações contra a violência, ganhou mais um motivo para chorar e se revoltar. O problema agora é que os crimes estão associados ao consumo do crack, que tem aumentado consideravelmente no Rio de Janeiro, e já é consumido em larga escala em São Paulo. Sob efeito da droga, os bandidos parecem incontroláveis e perversos.

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