quinta-feira, 2 de abril de 2009

Entevista


Soraya Moraes - A voz gospel do Brasil


Soraya Moraes, de 36 anos, foi o grande destaque do Brasil no Grammy Latino 2008, ganhando nas categorias Melhor Álbum Cristão em Português, Melhor Canção Brasileira e Melhor Álbum Cristão em Espanhol, sagrando-se a primeira cantora brasileira a conquistar um gramofone – símbolo do prêmio – numa disputa em língua estrangeira. A música faz parte da vida dessa paulistana desde a infância. Filha de um pastor evangélico, Soraya começou a cantar aos 8 anos de idade, na igreja onde o pai ministrava cultos. Em entrevista à Folha Universal, ela fala da carreira – que inclui ainda um outro Grammy Latino, em 2005, pelo Melhor Álbum de Música Cristã –, da família, das dificuldades que enfrentou, e diz que nada do que tem vivido seria possível se Deus não estivesse no comando. 1 – Quando você era ainda uma menina e cantava na igreja onde seu pai era pastor, o que sonhava para a sua vida? Sempre gostei de cantar e entrei num conservatório de música muito cedo. Não tínhamos condições para gravar, mas eu estava sempre sonhando que, um dia, iria ver a minha foto na capa de algum disco. Sonhava também em viajar para cantar em lugares distantes, como a África, por exemplo. 2 – Em que momento você percebeu que queria dedicar-se totalmente à música? Na verdade, nunca pensei na música como uma forma de ganhar a vida, mas o meu prazer era servir a Deus e me tornar uma profissional. Estudei psicologia, porém, não conclui o curso por motivos financeiros. Trabalhava em uma empresa, junto com o meu esposo, Marco Moraes. Mais tarde, abrimos uma agência de viagens. Foi quando gravei meu primeiro disco solo e os convites e oportunidades começaram a surgir. Tivemos de fazer nossa escolha de largar tudo e seguir o chamado para servir a Deus por completo na música. 3 – O Marco Moraes é também seu produtor, que importância ele tem em sua carreira? Total e crucial. Quando eu conheci o Marco não tinha mais ânimo para sonhar. Ao começarmos o namoro, ele me contava os sonhos dele, de que um dia iria gravar, viajar o mundo, pregar o evangelho. Confesso que me apaixonei primeiro pelos sonhos dele, então, ele me animou a sonhar novamente. 4 – É verdade que vocês vendiam refeições para operários de uma construção para juntar dinheiro para a gravação do primeiro CD, e que passaram por muitas dificuldades quando a única filha do casal, Rayssa, nasceu?É verdade. Nós trabalhávamos com a família do Marco, que fornecia alimentos para empresas, então, colocamos a mão na massa, entregando refeições nas obras e nos turnos das madrugadas. Passamos por muitas dificuldades financeiras. Não tive aquele enxoval que toda mãe sonha para o primeiro filho, mas nada faltou para a Rayssa. 5 – Como você avalia tudo o que aconteceu em sua vida desde então? Tudo é um aprendizado e Deus nos mostrou que Ele está no comando, que não somos bem-sucedidos por causa das nossas habilidades, mas por causa da misericórdia d’Ele. Com tudo isso, posso sossegar quando uma luta se levanta. Eu sei que já passei por coisas muito difíceis e, se Deus me livrou no passado, vai me livrar hoje também. 6 – Em 2005, quando ganhou o seu primeiro Grammy, você imaginava que aquilo poderia acontecer? Tudo era tão novo e só de estar ali, indicada, eu já estava contente. Estava chupando uma bala descontraída e curtindo cada momento quando chamaram o meu nome. Foi um susto e uma emoção. Engoli a bala e fui receber meu prêmio. Eu não tinha discurso pronto, então, levantei o troféu e cantei: “Gracias, gracias señor, gracias mi señor Jesus”, do Marcus Witt. Aí, agradeci ao meu marido, à gravadora, etc. Foi um susto. 7 – E, no ano passado, com três gramofones e ainda a consagração por ser a primeira cantora brasileira a ganhar o prêmio em língua estrangeira, como se sentiu? Muito grata a Deus e aos membros que me julgaram como tal. É um privilégio poder falar de Jesus cantando e representar a tão maravilhosa música gospel brasileira lá fora. 8 – Cada vez que você ganhou um Grammy, o seu esposo, por ser seu produtor, também recebeu um. Ao todo, vocês têm em casa oito gramofones, além de outras dezenas de prêmios que já receberam. Qual o significado de tudo isso pra vocês? Sabemos que nosso tesouro não está aqui na terra, mas na eternidade com Cristo. Mas também Deus nos assegura, na Sua Palavra, que aquele servo fiel que multiplicar os seus talentos vai ser exaltado. Vejo essas honras como uma aprovação e um incentivo de Deus a não desistir. 9 – Agora você foi indicada ao GMA Dove A­wards, maior premiação da música cristã norte-americana, na categoria Álbum em Língua Espanhola. Como está se sentindo? É um sonho de anos realizado. Há algum tempo tive a oportunidade de assistir ao evento nos Estados Unidos, foi o início desse sonho. Nos tornarmos membros da academia do Dove e, no ano passado, eles entraram em contato conosco para que pudéssemos enviar nosso CD em espanhol para avaliação. Ele foi aprovado pela bancada, passou na primeira votação e, agora, estamos nas indicações principais. Isso é uma vitória muito grande. 10 – Você tem vários compromissos profissionais, já cantou na Europa, na África – como nos seus sonhos –, Estados Unidos. Como fica sua vida pessoal? Graças a Deus tenho uma família muito unida. Confesso que gostaria de ter tido outros filhos, mas todos os anos nós adiamos isso por causa dos projetos e ainda não foi possível. Quem sabe? Deus é quem sabe.

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